# Last edited on 2014-10-01 01:27:42 by stolfilocal
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Mais Cuidado com Bitcoin

  Nestes últimos meses, a comunidade bitcoin tem estado ostensivamente
  confiante, porém visivelmente nervosa. A boa notícia é que o preço do
  bitcoin não caiu para menos de 10 dólares, como alguns economistas
  tradicionais haviam previsto no início do ano. A má notícia é que o
  preço ainda está 40% abaixo do preço em janeiro -- e não há sinal da
  nova "bolha" que, segundo os bit-economistas, deveria já ter
  acontecido para elevar o preço a 10'000 dólares ou mais:

<center><a href="??"><img src="??"></img></a></center>

  Outra boa notícia é que, de janeiro para cá, muitos comerciantes e serviços
  passaram a "aceitar bitcoin", incluindo gigantes como a Dell; e consta
  que PayPal vai logo permitir pagamentos "em bitcoin". A má noticia é
  que essas boas notícias não tiveram repercussão nem no preço do
  bitcoin, nem no volume de transações registradas na planilha do
  sistema (a "blockchain"):

<center><a href="??"><img src="??"></img></a>

  Qual é afinal o estado do bitcoin? Vou tentar colocar o que sei a
  seguir. O resumo executivo é: bitcoin continua sendo uma péssima opção
  de investimento, porque não tem previsões fundamentadas de demanda nem
  valorização, não não tem lastro nem garantias, e seu seu risco é
  impossível de calcular. Pagar em bitcoin não economiza dinheiro em
  negócios no país, e provavelmente nem para pagamentos no exterior. Mas
  Bitcoin é uma opção interessante de especulação a curto prazo, para
  quem gosta dessa modalidade de jogo de azar.

<h3>O que é Bitcoin, mesmo?</h3>

  Não preciso explicar aqui o que é bitcoin e como o sistema funciona;
  há muitas apresentações detalhadas e claras na internet.  Mas é preciso 
  recordar qual era seu objetivo.
  
  "Satoshi Nakamoto", o anônimo inventor do bitcoin, quis resolver o 
  problema <b>técnico</b> de projetar um sistema seguro de "dinheiro eletrônico"
  para pagamentos via internet que não exigisse confiança dos usuários
  em uma autoridade central ou algum outro intermediário (como um banco ou empresa 
  de cartão de crédito). 
  
  Esse problema já
  havia sido bastante estudado, e já havia algumas soluções (como 
  <a href="??">a descrita neste artigo da NSA dos EUA</a>), mas com 
  algumas falhas remanescentes, principalmente na questão de 
  como motivar voluntários a manter o sistema e protegê-lo de 
  agentes maliciosos.  Satoshi encontrou uma solução, engenhosa ainda
  que terrivelmente ineficiente, embutida no processo
  de mineração que é o fundamento da "Rede Bitcoin". Esta 
  solução está descrita no seu <a href="??">artigo</a>. 
  
  Como bom computeiro, Satoshi implementou seu projeto <b>para verificar
  se de fato funcionava</b> e não tinha nehuma falha lógica ou obstáculo
  prático. Para esse fim ele criou o bloco inicial da planilha (em
  03/jan/2013) e convidou outros interessados a colaborar no
  experimento, "minerando" e trocando bitcoins.  Esse <b>experimento</b>
  tem funcionado como esperado desde essa data; apesar de alguns uns pequenos
  ajustes e tropeços, pode-se dizer que tem sido <b>tecnicamente</b> um sucesso.
  
  Mas é importante notar que muitos dos "objetivos" do bitcoin alegados
  pelos seus fãs <b>não</b> eram objetivos do projeto original, muito
  menos da implementação de Satoshi. Bitcoin <b>não</b> foi projetado
  para substituir cartões de crédito e pagamentos bancários, libertar as
  pessoas da tirania de governos e bancos, proteger o povo da inflação e
  confiscos, guardar dinheiro a longo prazo, transformar pobres em
  bilionários, driblar agências de regulação financeira, esconder ganhos
  e gastos ilegais ou sonegar impostos, ou recolher investimentos de
  incautos e sumir com eles sem risco de cadeia. Todas estas aplicações
  foram atreladas ao bitcoin a posteriori, muitas vezes por conta de
  equívocos sobre sua natureza.
  
  Para a maioria dessas aplicações, bitcoin ainda tem muitas limitações
  e desvantagens sobre as alternativas tradicionais. Por exemplo,
  pagamentos em bitcoin não podem ser cancelados ou sustados, o que
  deixa consumidores à mercê de comerciantes desonestos. Transferências
  de valor excessivo ou para contas incorretas não podem ser estornadas,
  e bitcoins obtidas por fraude ou hacking não podem ser ??adas e
  devolvidas a seus legítimos donos. Não há reposição em 
  caso de perda ou furto. Defensored do bitcoin, não podendo negar estas
  limitações, tentam convencer que são vantagens