O SOM DO RELÓGIO F. Pessoa O som do relógio Tem a alma por fora: São gotas-instantes Pingando na hora, Enchendo-me assim Da vida esse vão Do primeiro sim ao último não. É um hino vazio, Poema de nada, Que oiço passivo Na noite parada; É o tempo escorrendo Em volta do agora, Enquanto que a vida Vai indo-me embora.