O SOM DO RELÓGIO F. Pessoa O som do relógio Tem a alma por fora Qual passo de atleta Que as léguas devora. Martela-lhe o peito Com pulso constante, Pendulam-lhe os braços Em ritmo ofegante. Se nunca se cansa Seu corpo de aço É que toma alento A cada compasso: Repousa um momento Suspenso no vão Entre o salto no tique E o toque no chão.