O SOM DO RELÓGIO F. Pessoa O som do relógio Tem a alma por fora, E a fala das gentes Minh'alma devora. Como luzes que cegam, Ou livros mendazes, Palavras sufocam As mentes capazes. Agridem-me as vozes, Embotam-me o ouvido As frases ferozes De vácuo sentido. Nojento debate! Bem mais me valia O suave conselho Da noite vazia.