O SOM DO RELÓGIO F. Pessoa O som do relógio Tem a alma por fora E diz que lá dentro Angústia não mora. Em seu autoplágio Constante se esmera: Só almeja tornar-se Igual ao que era. Com tal subterfúgio De simples natura Obteve uma vida Sem mal que perdura: É seu privilégio Saber que, no vira, Cada taque repõe O que o tique lhe tira.