O SOM DO RELÓGIO F. Pessoa O som do relógio Tem a alma por fora, Enterra as ruinas De reinos de outrora. O Futuro amedronta A turba mesquinha, Os que fazem de conta Que puta é rainha. O Presente os espanta: Seus feitos de ratos Ninguém mais os canta, Afundam nos fatos. O Passado lhes resta: Viver de memórias, De lendas de festas E trapos de glória.